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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

GOVERNO JOGA A MÍDIA CONTRA A PM


Greve da PM na Bahia foi 

estopim de má administração, diz professor


O Estado da Bahia já se aproxima do nono dia de greve da Polícia Militar. O grupo reivindica, entre outros, melhores condições salariais. Após uma reunião com representantes do governo durante toda a tarde desta terça-feira, não houve acordo. O professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Reginaldo de Souza Silva, acompanha de perto o caso e contou ao SRZD um lado que estaria sendo ofuscado pela mídia: o dos policiais.
Reginaldo afirmou que o governo da Bahia está jogando a mídia contra a PM, o que seria uma forma de mascarar um longo período de falhas da própria administração frente o setor. "Isso foi só um estopim. O problema vem se estendendo durante décadas e agora o Governo joga a mídia contra os policiais mesmo tendo condições de pagar bons salários, tanto para eles como para os professores. Enquanto isso, a força nacional está tratando os policiais como bandidos, cachorros..."
Foto: Divulgação/Agência Brasil
PM mostra contra-cheque com valor líquido de R$ 1.891,69 (Foto: Agência Brasil)
Segundo Reginaldo, o governador da Bahia, Jaques Wagner, teria se corrompido ao conquistar um cargo no estado. "Quando ele era sindicalista, ações como essa eram chamadas de greve, agora é motim... Nossos políticos, que em sua grande maioria não são dignos, sérios e nem éticos, também não querem uma Polícia séria e digna", afirmou o educador. Ele reconheceu que existem policiais que se aproveitam da situação para agir de maneira incorreta, porém afirmou que "não se pode pegar uma classe inteira e jogar no lixo".
O professor fez questão de ressaltar que os dados das mortes que ocorrem durante este período de oito dias não são novidade. Segundo ele, os números de homicídios são até "normais" diante de uma polícia que estaria sendo deixada de lado. "O estado não equipa nem motiva. A manutenção dos postos de polícia quem faz são os moradores, porque se depender do estado não acontece nada", afirmou.
Segundo um artigo distribuído por Reginaldo, os policiais baianos recebem um salário base que soma cerca de R$ 2.300 por mês. "Há algum tempo, as associações representativas de oficiais e praças das Policias Militares dos Estados, a exemplo da Bahia, vem alertando a sociedade sobre o clima de insatisfação generalizada que permeia toda a Corporação. (...) Na Bahia, a categoria reivindica o cumprimento da lei 7.145 de 1997, instituída há 14 anos cujos benefícios nunca foram pagos. (...) Infelizmente, o governo do Partido dos Trabalhadores se recusa a acatar o que prevê a legislação, bem como os pleitos da categoria, o que inclui ainda o cumprimento da lei da anistia e a criação do código de ética e de uma comissão para discutir o plano de carreira dos PMs." explicou no texto.
Professor reitera que problema não se limita à Salvador
Em Vitória da Conquista, Reginaldo contou que chegou a conversar com alguns policiais e que sabe que a situação é bem mais complicada no interior do estado. Segundo ele, as Forças Nacionais apenas ocuparam a capital baiana e deixaram de lado as cidades menores.
"É como se o caos se resumisse a salvador. Aqui também está tudo parado. As escolas, estabelecimentos, está tudo fechado. As mães não estão tendo coragem de deixar seus filhos saírem de casa. Somos todos reféns já que não há policiamento", explicou reforçando que o interior sofre ainda mais com a greve e acaba sendo menos contemplado.
"Em toda a Bahia, há um contingente de 31.869 policiais. Na capital, esse número é de 10.712 e os demais são distribuídos nos demais 416 municípios. Até o momento 10 mil PMs aderiram à greve por tempo indeterminado em várias cidades", registrou o professor.
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Policiais Militares de outros estados estão na Bahia

Ex-deputado e defensor da PEC 300 diz que homens foram ‘adquirir know how’


BRASÍLIA - Um dos líderes do movimento em favor da votação da PEC 300 - que cria um piso nacional - em 2010, o ex-deputado Capitão Assumção (PSB-ES), e hoje suplente, continua articulando para que a emenda seja aprovada em segundo turno na Câmara. Assessor do governo do Espírito Santo, Assumção confirma a estratégia de PMs e bombeiros de fazer a integração de atividades e movimentos por melhorias salariais em todo o país. Segundo o ex-deputado, as redes sociais facilitam a comunicação entre as categorias, que usam especialmente o Twitter e o Facebook, além de blogs regionais.Assumção contou que dois policiais do Espírito Santo foram enviados à Bahia, com despesas pagas por associações de bombeiros e de praças do estado. Eles repassam as informações, que alimentam as redes sociais, mobilizando os demais.

- Dois companheiros nossos retornaram hoje (segunda-feira) da Bahia. Lá (na Bahia) tem gente do Rio, de Minas. Vão para acompanhar, dar uma força e adquirir know how, não há como negar. Há uma demanda generalizada por aumento de salário, mas cada estado tem sua peculiaridade - afirmou Assumção.
Para ele, o que vem acontecendo desde o ano passado, como greves e confrontos no Piauí, Maranhão, Ceará e agora na Bahia, é resultado da decisão do governo federal e dos estados de impedir o fim da votação da PEC 300:
- O Vaccarezza (Cândido, líder do governo) deixou claro que tínhamos que resolver os problemas nos estados para depois votar a PEC. PMs e bombeiros estão seguindo isso à risca, e os estados sofrem os efeitos. Estamos lidando com PMs e bombeiros, que usam ferramentas diferentes de outros trabalhadores, são armas, é preciso cuidado. O confronto é ruim.

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